Uma jovem feliz, carinhosa, estudante do primeiro ano do Ensino Médio, que aguardava ansiosa a chegada de sua filha. Assim foi descrita Emelly Azevedo Sena, de 16 anos, por familiares durante o velório realizado na manhã desta sexta-feira (14), a Funerária Capelas Jardins, em Cuiabá.
A adolescente, aluna do 1º ano do ensino médio, estava prestes a entrar em licença-maternidade para dar à luz, quando foi brutalmente assassinada na quarta-feira (12).
A família de Emelly, desolada pela perda, ergueu cartazes e clamou por justiça durante o velório da adolescente.
A tia e madrinha da vítima, Alessandra de Moraes, desolada, deu início aos gritos por justiça, que foram entoados no local onde se despediam de Emelly. Veja abaixo:
“A gente precisa que todos os culpados sejam responsabilizados”, disse a prima da adolescente, Eveline Ferreira de Moraes.
A mãe da adolescente, Ana Paula Azevedo, em entrevista ao vivo ao telejornal MT1, na TV Centro América, falou sobre a revolta diante do crime cruel que levou à morte de sua filha.
“É uma menina que nunca fez mal a ninguém. Acreditou em pessoas erradas, foi inocente porque a mulher iludiu ela com coisas que ela nem precisava (…) quando cheguei do trabalho ela [Emelly] já tinha ido. Nem eu imaginava que a minha filha estava correndo tanto risco ao ir ao encontro dessa mulher”, lamentou a mãe.
Ana Paula ainda informou que o genro, pai da bebê que segue hospitalizada, passará a morar com a família que devem cuidar juntos da recém-nascida, Liara.

“Uma criança, apesar de estar grávida. Mais um dia para refletir sobre a maldade, a má fé. O que está faltando para a gente mudar essa realidade? Com tristeza que a gente vê uma jovem ceifada. Agora é esperar a justiça e eu confio na justiça, que será feita, mesmo não devolvendo a folha para a mãe”, afirmou a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti, que compareceu ao velório.
Assassinada
Cada novo desdobramento da investigação traz revelações ainda mais chocantes sobre o caso. A perícia técnica confirmou que Emelly Azevedo Sena, de 16 anos – grávida de nove meses – ainda estava viva quando a suspeita, Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, retirou o bebê de seu ventre, na quarta-feira (12).
A informação foi divulgada na manhã desta sexta-feira (14), pelo Delegado Caio Albuquerque, durante coletiva de imprensa realizada na Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), em Cuiabá.

O perito Jaime Trevizan afirmou que Emelly foi mantida viva durante o parto para que a criança não tivesse sequelas e morreu devido à grande perda de sangue. A perícia ainda investiga se o crime foi cometido por apenas uma pessoa.
Um exame de DNA, que será divulgado na tarde desta sexta-feira (14), deve confirmar se a criança é filha de Emelly. O perito também destacou que a Politec está à disposição para verificar se os outros três filhos de Nataly são, de fato, dela.
A análise forense apontou que o corte feito no abdômen de Emelly para a retirada do bebê foi realizado com precisão por alguém que possui conhecimento em técnicas cirúrgicas. Além disso, sacolas plásticas teriam sido utilizadas para abafar os gritos da adolescente.
Nataly se apresenta como socorrista, bombeira civil e estava cursando enfermagem.
Confissão de Nataly
Durante a coletiva, o delegado Caio Albuquerque divulgou que Nataly, suspeita de matar a adolescente grávida, confessou o assassinato com riqueza de detalhes e sem demonstrar qualquer arrependimento.
“Tem provas da Emelly entrando na casa no Jardim Florianópolis, em Cuiabá, e Nataly confessou com riqueza de detalhes o que foi feito. Não mostrou arrependimento em nenhum momento”, explicou o delegado.
A mulher deve responder por homicídio triplamente qualificado: motivo torpe; crueldade; recurso que dificultou a defesa da vítima, ocultação de cadáver e, falsidade ideológica. Nataly tentou registrar o bebê da adolescente no Hospital Santa Helena.
Aborto e falsa gravidez
Segundo a defesa de Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos – que confessou o crime e disse ter agido sozinha no assassinato da adolescente Emelly Azevedo Sena, de 16 anos – a motivação do crime estaria ligada ao desejo da suspeita de ter um filho com o marido, Christian Albino Cebalho de Arruda, 28 anos,
Nataly havia sofrido um aborto entre setembro e outubro de 2024, mas teria escondeu essa informação da família, inclusive seu companheiro Christian, que, segundo alega, estava no trabalho no momento do crime.
Para manter a farsa, decidiu atrair Emelly até sua casa, onde cometeu o crime.
Ao todo, quatro pessoas foram presas nessa quinta-feira (13). No fim do dia, os três homens foram liberados. Nesta sexta-feira (14), todos irão passar por audiência de custódia.
Como Emilly e Nataly se conheceram?
Segundo a defesa dos suspeitos de matarem e retirarem o bebê de Emilly, advogado Ícaro Vione, Nataly vinha mantendo contato com a vítima há alguns dias por meio de grupos de gestantes nas redes sociais.
Durante as conversas, Emilly teria se identificado com outro nome e idade, o que despertou o interesse da suspeita.
Construiu álibi
Um vídeo publicado nas redes sociais de Nataly Hellen mostra que ela estaria grávida e fez um chá revelação de um bebê do sexo feminino em 10 de julho.

Nataly é mãe de três meninos, filhos de outros relacionamentos. A suposta gestação do ano passado seria a primeira gravidez do casal, envolvendo ela e seu companheiro, Christian.
Na gravação, é possível ver a felicidade do casal ao descobrir que serão pais de uma menina. Conforme uma amiga da família, o homem estava muito emocionado com a gravidez de Nataly.
Em entrevista à reportagem, uma testemunha disse que “todo mundo tinha certeza que ela estava gestante”.
A emboscada
Emelly estava desaparecida desde a tarde dessa terça-feira (12), quando saiu de sua casa em Várzea Grande para buscar doações de roupas na casa da suspeita, em Cuiabá, no bairro Jardim Florianópolis.

Emelly estava desaparecida desde a manhã de terça-feira (12), quando saiu de casa, em Várzea Grande, para buscar doações de roupas na residência de Nataly, localizada no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá. A adolescente foi levada ao local por um carro de aplicativo enviado pela suspeita.
No local, Nataly teria esganado Emelly com um fio de internet. O corpo foi encontrado enterrado em uma cova rasa, nos fundos da casa de um tio da suspeita, com as mãos amarradas nas costas, pulsos quebrados e o abdome aberto, conforme informações da Polícia Civil.
Após assassinar a adolescente, Nataly teria utilizado o sangue da vítima para simular um parto e convenceu seu cunhado a levá-la até o hospital, sem que ele soubesse da verdade. A informação foi confirmada pelo delegado Caio Albuquerque, da Polícia Civil.
A farsa descoberta
Horas depois do crime, Nataly e Christian deram entrada no Hospital de Maternidade Santa Helena com um bebê recém-nascido, alegando um parto domiciliar. No entanto, a equipe médica desconfiou da versão, já que a mulher não apresentava sinais de puerpério e não produzia leite materno.
Diante das suspeitas, a polícia foi acionada e o casal foi encaminhado à Central de Flagrantes, onde Nataly acabou confessando o crime.
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