Numa tentativa de abrir caminho para um novo acordo comercial entre Estados Unidos e China, o presidente Donald Trump suspendeu restrições que limitavam a exportação de produtos de tecnologia ao país asiático.
A decisão, revelada pelo jornal Financial Times, busca também facilitar um possível encontro entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping ainda este ano.
Segundo o FT, o Departamento de Comércio dos EUA foi orientado, nos últimos meses, a evitar medidas duras contra Pequim. Durante seu mandato, Trump havia apertado o cerco à tecnologia chinesa, chegando a barrar a venda de chips da Nvidia, como o modelo H20, voltado ao mercado chinês.
A reviravolta aconteceu após conversas entre Trump e o CEO da Nvidia, Jensen Huang. Com o sinal verde, a empresa já anunciou que vai retomar as vendas do chip à China. A flexibilização faz parte de um esforço mais amplo, que envolve também negociações sobre terras raras e ímãs industriais, como explicou o secretário de Comércio, Howard Lutnick.
Apesar do avanço, a decisão gerou reação entre ex-assessores e especialistas em segurança nacional dos EUA. Pelo menos 20 deles, incluindo Matt Pottinger, ex-vice-conselheiro de segurança, devem se manifestar contra a medida, preocupados com os impactos à segurança estratégica dos EUA.
Trégua renovada e clima de negociação
Enquanto isso, os dois países decidiram prorrogar por mais 90 dias a trégua na guerra tarifária que travam há anos. A informação foi publicada pelo jornal chinês South China Morning Post, que aponta a expectativa de avanços na terceira rodada de negociações, marcada para esta segunda-feira (28), em Estocolmo, na Suécia.
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Fontes próximas ao governo chinês afirmam que as delegações pretendem evitar novos aumentos de tarifas durante esse período. Pequim também deverá cobrar explicações dos EUA sobre as taxas impostas ao fentanil substância que tem gerado tensões entre os países. Trump subiu as tarifas em março, alegando que a China não vinha colaborando o suficiente para impedir o envio da droga ao território americano.
Segundo fontes, a China estaria disposta a aceitar uma tarifa básica de 10% sobre todas as exportações, desde que Washington suspenda os encargos adicionais.
Ao ser questionado sobre o andamento das negociações, durante uma visita à Escócia, Trump afirmou:

“Estamos muito perto de um acordo com a China. Realmente fizemos um acordo, mas vamos ver como isso vai acontecer.”
Em maio, EUA e China já haviam dado o primeiro passo ao reduzir temporariamente as chamadas “tarifas recíprocas”. De um lado, os EUA baixaram de 145% para 30% as tarifas sobre importações chinesas. Do outro, a China reduziu de 125% para 10% os tributos sobre produtos americanos.
A trégua traz certo alívio ao cenário global, mas o futuro do acordo ainda depende de muitos ajustes e de como os dois líderes vão conduzir os próximos capítulos dessa disputa comercial.